segunda-feira, 23 de julho de 2012

Lx - Badajoz pela ecovia 1 - dia 3


Dia 3 - Coruche - Mora                                Albúm do terceiro dia

Total Kms dia - 47,19 kms
Total Kms acumulados - 165,19 kms

€€€ 

3,90€ - peq almoço 
0,76€ - pão
13,2€ - mercearia Coruche
2,20€ - coca-colas
2,90€ - fruta
14,2€ - mercearia Mora
2€      - gelados 

39,16€

Hoje tivémos direito a tomar o pequeno almoço no café. 

Gugas a fazer caretas, mas consolado com a bola de Berlim


Isto porque tínhamos planeado ir às compras no mini-mercado ao lado dos bombeiros e tomar o pequeno almoço na praia fluvial, mas...o mini-mercado não era o que anunciava. Já tinha sido, mas agora só restavam os cartazes nos vidros. Aparentemente (ou não) os supers e hipers que vimos em Santo Antonino (a tal zona de expansão urbanística de Coruche) não estão a perdoar os pequenos comércios. Depois de demorada discussão sobre o que fazer (not) o cheiro a bolos acabados de fazer ganhou aos pontos à praia fluvial. Não demorou muito para o Gugas consolar-se com uma bola de Berlim e um UCAL. Refeitos, agora tínhamos de ir às compras, pois pelo percurso no GPS e pelo que conhecia do caminho a probabilidade de nos cruzarmos com umas tasquitas como as que apanhámos nos dias anterior era bem inferior. As grandes superfícies que sabíamos existir no planalto superior, com toda a sua variedade, preços convidativos, tudo no mesmo sítio, grandes parques de estacionamento e mesmo ao lado do trilho que íamos apanhar não nos seduziram como o pequeno comércio do centro de Coruche com os seus produtos típicos, conversa agradável, biclas quase lá dentro e... um gato para entreter o Gugas. 


Enquanto fazia compras o Gugas ficou a fotografar o gato


Comprámos figos de Torres, queijo e salpicão alentejanos com alto aspecto, bolachas e fruta. Pão alentejano mandou-nos comprar na padaria ao lado...tá certo. 
O Gugas ainda perguntou se o senhor tinha bisnagas pois no dia anterior tinha-lhe contado uma forma original que eu e os meus amigos de estrada tínhamos arranjado para nos defendermos dos cães (especialmente dos acampamentos de ciganos) que consistia em mandar água para os seus focinhos em andamento quando estes se aproximavam. Mas estava cheio de azar que o carnaval vai longe. 

Atravessámos Coruche onde muita gente deu força ao Gugas (os bombeiros passaram rápido a palavra) e retomámos o caminho de novo pela estrada inclinadíssima que serpenteia o declive onde está a ermida da Nª Srª do Castelo. 


vista sobre Coruche


Daí seguimos pelos arrabaldes de Coruche, até entrar num trilho que nos leva paralelamente à N119 até Erra e depois desce até ao Sorraia. O calor apertava, bem mais que nos dias anteriores e ainda por cima estávamos protegidos do vento, por isso os canais de rega serviam de molha pés quando parávamos para descansar.


O trilho a correr paralelo ao Sorraia (ou será o contrário?)

Às tantas, perto de arrozais de perder de vista, o trilho começou a piorar. Ainda ponderámos apanhar o desvio para Boicilhos, mas avistámos umas cegonhas no caminho que nos fizéram continuar. O trilho ficou muito técnico, com muita pedra e bastante areia e algumas subidas. O Gugas já maldizia o facto de termos seguido as cegonhas. Parámos mais vezes, bebemos muita água e molhámo-nos no Sorraia mas o trilho parecia não acabar. O GPS marcava 5kms em linha recta para o próximo café. A areia parecia aumentar, as sombras rareavam e não víamos vivalma. Batizámos o sítio de "deserto". 

Uma das subidas manhosas

Numa subida vimos uma cancela aberta e uma vacas que iria atravessar o nosso caminho. O Gugas ficou assustado e pedi-lhe para acelerarmos senão tínhamos que esperar pela manada inteira. O susto passou quase a pânico quando começou a derrapar na areia. Mas a vaca, coitada, estava calmamente a ruminar à nossa espera. Passado uns metros parámos pois o Gugas não queria avançar mais. Almoçámos uns cachorros "quentes", umas cenouras e fruta e estava a ver que era desta que íamos atacar as garrafas de água de emergência. O termómetro da bicicleta marcava 48,5º (concerteza graças às muitas paragens à chapa do sol enquanto ajudava o Gugas). 

Almoço no "deserto"

Na sombra estávamos bem e já refeitos fiz um forcing para o Gugas continuar e fazermos os 3 kms em linha recta que faltavam para o café. Aproveito estas ocasiões para fazer analogias com situações do quotidiano: desde o equilíbrio de coisas boas e más, as opções e suas consequências, e neste caso o facto de fazermos um esforço extra para  obter algo melhor. Foi o que aconteceu quando chegámos a Santa Justa. O Gugas ficou contente de ver alcatrão e ainda por cima a descer. Aproveitámos para (tentar) tirar umas fotos aos saltos e a tentar beijar o chão, como vemos em alguns blogs de viagens pela net. Já no café, com ar condicionado mandámos a baixo duas coca-colas com gelo. O simpático dono do café meteu conversa sobre a nossa viagem e encheu-nos as garrafas de água. 

Alcatrão!!!

Dali seguímos para uma zona de picnic perto do rio, mas como não era muito agradável decidímos procurar um parque no Couço. Na nacional vímos as bancas típicas de venda de fruta de berma e deu-nos um ataque de fome. O Gugas queria melancia, mas estava quente e não vendiam metades. Atacámos as cerejas do Fundão e os figos. Fomos para um parque infantil relvado "devorar" a fruta, brincar e dormir a sesta. 

Cerejas até abarrotar!

Na parte da tarde, o Gugas já não podia ver areia e o trilho dava uma volta grande para sul. Decidimos ir directos a Mora pela nacional e tentar procurar as piscinas municipais (descobrimos mais tarde que a malta que vinha atrás de nós fartou-se de furar neste troço, graças a picos de arbustos). A N251 é bastante concorrida por camiões, muitos deles espanhóis, mas com bermas generosas e a simpatia dos camiões fizémos o percurso sem percalços. 

Entrámos no Alentejo


Já perto de Mora ia a pensar onde dormir quando me lembrei do Açude do Gameiro, com praia fluvial e parque de campismo. Seria perfeito, mas tínhamos de comprar comida pois comemos parte do stock e havia o pequeno-almoço do dia seguinte. Isto obrigou-nos a subir até Mora (ainda bem que dizem que o Alentejo é plano dizia eu com ironia). Em Mora abastecemo-nos e seguímos uma ciclovia verde bi-direccional que passa em 3 ou 4 rotundas...altamente irritante, mas o caminho estava marcado com desenhos de espécies que podem ser vistas no fluviário de Mora e isso sempre vai distraindo. Chegados ao Açude conseguimos evitar o banho directo e fomos até à recepção do camping (somos uns "pleasure-delayers").

O Açude do Gameiro...que visão!

Especialmente com chapéus de palhinha...


Estava fechada e dizia para ligar para um número. Liguei e respondeu um rapaz que estava no bar e que nos tinha visto passar! O parque é do CCL, mas deixavam-nos passar a noite, cobrando o valor da estadia internacional (!). "Tá certo...então deixe-nos ir tomar um banho que já vamos ter consigo ao bar" - disse-lhe eu e fomos em pulgas para a água. Não tarda estávamos a dar um mergulho, mas um ventinho desagradável que estava a soprar não nos deixou saborear o momento como queríamos. Mas isso não era obstáculo para o Gugas que se fosse preciso ficava na água até de madrugada...ainda me lembro desta minha resistência ao frio quando era puto! 
Lá fomos ter ao "bicho do mato" - o bar, e passado uns minutos estávamos com o campo montado. Tomámos banho, vestimo-nos e fizémos um jantar delicioso: cheeseburguers com salada de tomate e pepino. Consolados fomos lavar roupa e a loiça enquanto fazíamos café na mini-italiana. 


A mini-italiana a fazer café enquanto lavávamos roupa e loiça.

O Gugas dizia que tinha uma técnica infalível para tirar nódoas!


Fomos comer um gelado ao bicho do mato onde o Gugas se fartou de rir com o Wrestling que passava na TV. Estávamos derreados. Voltámos para campo para um merecido descanso.



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