quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Moods of future joys & From thunder to sunshine.

 
Moods of future joys
Alastair Humphrey pedalou pelo mundo de bicla e encantou-me pela forma como o fez e escreveu!

O rapaz, já com algumas aventuras de bicla nas pernas e uma atração inata pela aventura, teve a coragem para largar tudo e fazer uma volta ao mundo. Mas a ideia não era essa. Ele saiu da sua Inglaterra natal em direção ao médio oriente. A sua ideia era pedalar o Karakoram e ir até à India. Daí tentava perceber o que queria e decidiria na altura. Só sabia que não queria pedalar por Africa pois o calor e a incerteza de segurança assustavam-no. Acontece que quando ia a sair da Europa e entrar na Asia via Turquia acontece o 11 de Setembro. Apanha-se numa encruzilhada brutal: com passaporte inglês não se iria aventurar a caminho da Asia pelo caminho programado. Apanharia países como o Iraque, Irão, Afeganistão ou Paquistão que estavam completamente fora de hipótese. Seguir pela Rússia era uma aventura de proporções épicas para o qual não estava preparado. Faltava a opção AFRICA que tinha posto de parte ainda antes de partir. Avisou família e namorada que seguiria por Africa e assim foi. Não se arrependeu e até lhe deu vontade de continuar e acabar por dar a volta ao mundo. (desculpem o spoiler). Esta flexibilidade e espontaneidade, somadas a uma escrita fluida pontuada com humor britânico e reflexões pertinentes fizeram-me ficar agarrado a este volume e sonhar com a continuação. Felizmente existe uma continuação: 
From thunder to sunshine
 
 
Este último relata a viagem após a decisão de seguir em frente já na cidade do Cabo. Conta como atravessou as Americas até ao Alaska pela panamericana, atravessou o estreito de Bering e aventurou-se na Sibéria pela Road of bones, voltou à costa para ir ao Japão, voltar ao continente para a China e aí fazer o percurso pelos “estões” até casa. UFF. Não estão cansados?

Alaistar era professor de Inglês (agora dedica-se a aventuras e a superar-se a si mesmo) e contactava escolas locais para apresentar o seu projeto pelo caminho. Chegou a trabalhar numa no Peru. No segundo volume descobrimos que um dos motivos que o levou a realizar esta viagem foi a de descobrir se era capaz de escrever um livro. Eu e muitos outros dizemos que sim. Muitas vezes sentia-me perto da ação sentido as dificuldades, a felicidade, os cheiros e a cor, chegando a rir-me a gargalhadas despregadas com o relato das suas peripécias. Ele conta como pedalando no Salar de Yuni decidiu divertir-se e começou a pedalar apenas com um gorro, as luvas e sapatos. De resto ia nu rindo dos comentários dos jipes que passavam, até que um decide abordá-lo. Atrapalhado tentou vestir-se depressa, mas não evitou o embaraço. Mas isto não era nada, acontece que semanas mais tarde, no Peru encontrou-se com uma professora primária numa escola onde ia dar uma palestra e descobre que professora era uma das turistas desse jipe! Hilariante, aconselho vivamente.

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