quarta-feira, 24 de junho de 2009

Touring: Setúbal - Olhão (dia 3)


Dia 3 (2 Junho)

O dia de ontem foi estafante, com tanta praia e correria, mas isso não nos impediu de acordar cedo. Tomámos o pequeno-almoço, carregamos a Timberlina e fizémos uma corrida até à recepção.



Ganharia o Gugas que foi a correr pois fez lá uns atalhos pelos alvéolos da malta toda, mas viu o parque infantil e...é impressionante como a mente de uma criança muda de rumo e interesse ehehe.

Depois de pagar as 2 noites (como ficámos apenas uma noite já na época alta tivémos que pagar 2!!) seguimos em direcção à terra das 3 mentiras: Vila Nova de Milfontes (não é Vila, nem Nova nem tem assim tanta fonte!).

O tempo estava cinzento. Tivémos mesmo de vestir uma sweat. Parámos num café para fazermos o costumeiro "refueling" do meio da manhã. Tentei fazer um registo vídeo mas as poucas horas de sono já afectavam o Gugas que estava com uma alta birra.

Enquanto esperava pelo café ajustei o meu novo guiador de touring, o DUMBO da Modolo. Muito porreiro: em segundos fiquei com os punhos mais altos e próximos o que me permite pedalar mais direito, enquanto fiquei com um suporte mais plano para o mapa o que se traduziu numa melhor leitura do mesmo, 5 estrelas.


Tive que ter uma conversa séria com o Gugas e pô-lo na cadeirinha para ele pensar na birra que estava a fazer. Remédio santo: adormeceu mal passámos a ponte sobre o rio Mira, e assim foi até Cavaleiro, a última localidade antes do Cabo Sardão.

O caminho até aqui foi simpático, pois desviei-me da Nacional e fui por estradas secundárias, com pior piso, mas sem trânsito e muito mais silêncio e "cheiros". É uma das coisas que mais aprecio e me marca nas viagens, que é a percepção olfactiva. Lembro-me das viagens em todo-o-terreno que tenho feito em que o cheiro do Anis, do Poejo, do Feno, etc. marcavam o caminho. Por aqui o cheiro era intenso e a "relva". Uma empresa de venda de relva em rolo tem aqui as suas plantações: grandes planícies verdes que exalavam um cheiro fresco muito agradável.

Estava a matutar sobre o percurso que iria efectuar, o local onde iríamos almoçar, a praia que íriamos visitar quando oiço o Gugas a perguntar-me o que é que o Falcão que nos sobrevoava andava à procura!

- "Olha quem cá está" - exclamei. Encetámos uma conversa sobre o falcão e as suas presas e toda a cadeia alimentar associada, até que perguntei ao Gustavo se já estava com vontade de almoçar.

- "Já tenho alguma fominha" - respondeu-me.

Não era tarde nem cedo, estávamos em Cavaleiro, mesmo em frente a uma pequena mercearia e fomos lá comprar algo fresco para beber e acompanhar as sandochas que tínhamos feitas. O Gugas lá me cravou um ovo de chocolate com "Gormitis" e seguimos para o Cabo Sardão para montarmos picnic.

Fizémo-lo mesmo perto da falésia e em cima da Xtracycle. Épico. O Snap-deck serviu de mesa para as sandochas, as batatas, a coca-cola e o ovo do Gormiti. Um saco a servir de recipiente para o lixo preso na traseira da bicla e cadeira de campismo montada: querem melhor??


O Gugas ficou impressionado com a falésia e diz que uma rocha lá no fundo parecia mesmo um dinossauro a tomar banho. Nenhuma foto que tirei do cabo sardão consegue fazer jus à imponência do sítio por isso saquei esta da net.



Aqui o calor apertava e decidimos seguir caminho. A dúvida era se seguíamos em direcção à Zambujeira do mar ou se seguíamos até Odeceixe. A Zambujeira era já ali...então seguímos para Odeceixe.

Pedalei até quase S. Teotónio onde apanhei uma bela subida o que se traduziu numa EXCELENTE descida até S. Miguel. O Gugas reclamava quando andava devagar e por isso não gostava de descidas (o LORD!), mas nas descidas curtia à brava, aliás eu tinha que o refrear pois ele abria os braços, berrava IUUUPII e punha-se a balançar na cadeira pois queria fazer "SURF DE BIXUCLETA".

Eu até dizia-vos a velocidade a que íamos...se tivesse conta-Kms.

O parque de S. Miguel era um bom local de pernoita pois acabamos o dia ainda no Alentejo, a ribeira de Odeceixe que está a 1Km a descer faz fronteira com o Algarve, onde entraremos amanhã logo de manhã!

O Gugas reconheceu o parque mal lá chegámos e ficou radiante com a possibilidade de irmos para a piscina (também não me estava a apetecer ir a pedalar até à praia de Odeceixe e voltar àquela hora). As meninas da recepção engraçaram bastante com o Gugas e este deu-lhes troco (a antítese da birra matinal...o João Pestana é lixado). Lá lhes cravou uma pulseira verde que ainda a mantém (está quase branca).



Montámos campo e fomos para a piscina. Fez lá uns amigos alentejanitos com quem se fartou de brincar (nas escadinhas pois tem bastante respeito à água).



Tomámos um banhinho, fizémos o jantar e enquanto fui lavar a loiça o Gugas estava a espreitar uns meninos que jogavam à bola no outro extremo do parque. Perguntou-me se podia ir brincar com esses meninos - "Claro que podes, mas olha que se calhar eles não falam Português" - repliquei, pois tinham aspecto de estrangeiros. O Gugas não se importou e foi brincar com eles. Esqueci-me de dizer, mas quando chegámos a Melides na primeira noite o Gugas perguntou se as pessoas dali falavam a nossa língua! eheh. O Gugas já viajou para bastantes sítios, mas provavelmente de bicicleta tem uma percepção diferente da deslocação e lhe dê uma sensação de maior distância percorrida! Lá estava ele todo contente a brincar com os meninos numa algazarra de todo o tamanho. A capacidade dos míudos comunicarem é brutal - pensava eu, mas não os putos eram filhos de uma Portuguesa e de um dinamarquês. Um casal muito simpático que viviam na Suíça e como tinham casa em Portugal vinham fazer férias neste parque todos os anos. Tinham uns kayaks e exploravam a barragem de Santa Clara e a ribeira de Odeceixe com os filhos. Tinham-nos visto a descer para o parque em modo "surfing" e como sabemos a conversa é como as cerejas. É das pessoas com mais informação na net sobre a eco-via do Sotavento Algarvio. Ficou de me contactar no futuro para trocarmos mais ideias. Era "gajo" de pegar na bicla e nos filhos e toca a viajar!! eheh

A custo lá consegui levar o Gugas para a tenda e umas boas histórias depois estava a dormir.

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