Kms dia: 45,4Kms
Acumulado: 80,7Kms
Custos: 44€
Acordámos cedo, como sabe bem no campismo. Posicionamos normalmente a tenda para nascente para que o sol "entre" pela nossa porta logo cedinho e comece a secar a tenda. As noites por aqui são húmidas e o orvalho não perdoa.
Lavámo-nos, arrumámos as tralhas (o Gugas não é uma "morning person", eu deixo-o despertar devagarinho e vou fazendo o serviço) e tomámos o pequeno-almoço. Leite em pó (diluímos em água) e cereais variados dão-nos força logo pela manhã.
O nascer do sol lá ao fundo
O sol a entrar pela tenda dentro...
O sol aos poucos a secar o material
Definitely NOT a morning person!
Leite em pó e cereais
Dá um pequeno-almoço de campeões
Preparados para a "doidêra" do dia-a-dia
Eram 8 e pouco quando saímos do camping e nos deparámos com esta visão espectacular da ria. O número de pescadores tinha aumentado significativamente. Era sábado, não haviam carros, logo silêncio, o ar fresco, tudo convidava para um belo passeio...não fora a roda do Gugas a macerar o quadro e o barulho já próximo do parque de campismo municipal logo a seguir ao Orbitur onde tínhamos pernoitado.
O ar de abandono foi aumentando. Eu tinha uma ideia gravada na minha mente de como era a reserva natural de S. Jacinto de um acampamento na minha juventude e ela estava a ser completamente lapidada. Passou de um espaço natural mágico para um espaço brutal mas com uma pressão humana a roçar o insuportável. E para ajudar à festa nenhum pescador respondia aos meus "bom dia". O Gustavo até me perguntava porque é que eu dizia, já que ninguém respondia!! :o(
Deve ter sido um dia mau para estes senhores, ou não queriam assustar o peixe. A minha postura de viajante permite-me ver sempre o lado positivo das coisas e evito ao máximo que uma má experiência marque um local e suas gentes. Foi um dia menos bom, ou melhor estava a ser pois o melhor ainda estava para vir.
Passados 5Kms chegámos a S. Jacinto. Uma pequena localidade com um posto militar, o centro de interpretação da reserva natural e o campo nacional de formação ambiental do Corpo Nacional de Escutas - "Grandas sortudos" diz o Gugas.
Chegámos mesmo a tempo para beber um café e trincar uma barrita enquanto esperamos pelo Ferry.
A ria faz um efeito espectacular
O desvio para o CNFA
O Ferry
As biclas acomodadas
mesmo na popa do navio
O sr. Esperança
No Ferry, o Sr. Esperança cobrava os bilhetes e ajudava a arrumar os carros. Quando viu o Gugas a chegar com as bicicletas ficou tão contente que lhe ofereceu a viagem (não digam ao seu patrão). Eu paguei 2€. Diz que gosta muito de "coisas de bicicletas".
Ao querer ajudar a arrumar a Pokémon apercebeu-se do problema da roda. Aproveitei para lhe perguntar sobre os mecânicos da Gafanha e ele apressou-se a falar com meio barco para se certificar quais as que estavam abertas. Enviou-me para o "Zé Manel Bolas". "Não há que enganar, toda a gente o conhece!". Seguimos agradecidos não sem antes tirar uma foto. O Sr. Esperança deu-me o seu número de telefone caso fosse necessário.
Chegados ao "Zé Manel Bolas" vimos que estava fechado para férias. Que desanimo. Toca a ligar ao xôr Esperança que estava com dificuldades em se lembrar do "ciclista" com quem tinha estado a falar no Ferry :O).
Enviou-nos para a seguinte oficina, também "Zé Manel" e "obrigou-me" a ligar-lhe para saber se nos tínhamos safado. A nossa confiança na bondade dos estranhos voltava à marca máxima.
Voltámos atrás uns 100 metros e a Pokémon "arreou". O Eixo tinha-se partido. Tirei, com dificuldade, a roda e verifiquei que os drop-outs já estavam bem limados pelo desgaste do eixo a roçar neles. Malandros.
A cabeça começa a trabalhar a 1000: como vamos levar as bicicletas, uma delas sem roda até à oficina, que não seria longe mas ainda era um esticão a empurrar tudo à mão. E num Sábado, que é quando toda a gente vai à oficina e ainda por cima em Agosto! UFF.
A resposta veio da casa mesmo em frente: o sr. Carvalho que nos estava a observar veio perguntar se precisávamos de ajuda. Não demorou muito para estarmos com as bicicletas no seu quintal e irmos de carro até à oficina com a roda partida.
Chegados à oficina estava o mecânico Cláudio, atarefado com 1 cliente. Dissemos-lhe qual o nosso problema e começa a olhar para as bicicletas roda 20'' que tinha em exposição. "Só se lhe vender uma roda das que estão ali na montra". Feito, disse-lhe eu. E comecei a imaginar o Gugas a ir de single speed (só tinham um carreto) até Lisboa! :o(
Perguntei-lhe se podia experimentar ver se a cassete servia ao que concordou, mas que tinha primeiro que ligar ao patrão que tinha ido a Fátima. O telefone tocava e tocava e nada. Solidário com a nossa condição de viajantes apeados tirou a roda da bicicleta em exposição e passados uns minutos lança um "Parece que está com sorte!" animador.
Ainda não eram 11h30m e estávamos com o problema resolvido. Sem obter resposta do patrão fez o seu preço: 15€. FEITO.
O Zé Manel Bolas estava de férias...BOLAS.
O Cláudio deu conta do recado. Impecável.
O Sr. Carvalho, super-prestável.
Ainda nos deu água e um iogurte líquido para o Gustavo.
Já a caminho da Barra.
Voltámos de carro para a casa do Sr. Carvalho, montámos a roda, afinámos travões e estávamos de novo prontos para continuar viagem. Correu bem melhor do que daquela vez em Olhão, e não tão rápido como da outra vez em Alverca. ;o)
O Sr. Carvalho, muito prestável deu um iogurte líquido ao Gustavo e ainda nos encheu o bidon com 3 litros de água fresca. Abençoado. Perguntámos como lhe podíamos agradecer e respondeu que fizéssemos o mesmo a quem encontrássemos em apuros. Que por ordem do destino, o que tinha feito havia de retornar. É a lei do Karma.
Indicou-nos o caminho para a ponte que passa por cima da ria e nos levou para a Barra. Zona balnear de Aveiro por excelência e cheia de gente num sábado solarengo. Ainda ligámos ao Sr. Esperança que ficou contente por nós e ainda rematou: "Sempre que houver essas "coisas de bicicleta" liga-me que eu gosto disso, ok?". ;o)
Almoçámos numa sombra com vista para a ria e festejámos o bom andamento do Gugas, agora com uma roda boa!
Um dos muitos ancoradouros na Barra
O almoço do bravo
A querer segurar um moliceiro
"Buracos à moda de Vagos"
Pelas dunas de cantanhede
Fazem-nos dar uma volta enorme
A Praia de Mira
Continuámos sempre por uma ciclovia bi-direccional que acaba num lancil alto :o( e seguimos pela estrada ao longo das Dunas de Cantanhede. A estrada começa e piorar drasticamente e o piso é um autêntico "bone shaker". Circulamos sempre a par de dunas que culminam em praias que nos estão atravessadas!! O acesso é lixado e há muita areia até chegar à água. Seguimos.
Passamos por um símbolo de ciclovia a apontar para oeste. Estranhamos não existir qualquer referência ao destino da mesma, mas aprendemos durante a viagem que é norma existir pouca ou nenhuma informação sobre as ciclovias.
Perguntamos a locais que nos confirmaram que é uma via ciclo-pedonal paralela à estrada onde estávamos. Decidimos explorar. A ciclovia serve de serventia a muitas casas e por isso apanhámos uns quantos carros pelo caminho!! :o(
Chegados ao cruzamento para a Praia de Mira e andámos a tentar interpretar a sinalética, em parte estragada, para tentar perceber por onde ir. Decidimos seguir a que nos levava à localidade, mas obriga-nos a dar uma volta pelo mato, com pouco interesse e de volta à nacional. :o/
A comer um gelado à patrão
No parque de campismo municipal
O Ayrton Senna das Gaivotas
Um canal, perto da Barrinha
Literalmente a "dar banho ao cão"
O percurso ao redor da barrinha. Altamente recomendável
Muito fixe.
Chegámos à Praia de Mira e o Gugas fica encantado. "Pai, podemos ficar aqui?". Realmente, depois de um dia destes, a Praia de Mira apetecia. Fomos ao parque de campismo municipal montar campo e seguimos para a diversão.
Não cansado de pedalar, o Gugas quis andar de...Gaivota na Barrinha. Escusado de dizer que com o vento e as algas, foi muito cansativo. Mas andámos a perseguir a Hello Kitty e uns golfinhos pelo lago.
Fomos às compras para o Jantar e ainda demos uma volta pela via que circula à volta da Barrinha. Muito bonito e altamente recomendável.
Tomámos banho e fui fazer jantar. O Gustavo arranjou logo um amigo para jogar à bola. Jantámos cedo e ainda fomos à praia ver o Derby num bar irlandês. Vimos o Sporting empatar com a Sérvia :oP e voltámos para a nossa tenda.
Xixi, cama.
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