Bom...farto de picar a malta com posts sobre bikepacking e s24o, decidi meter-me à aventura. Uns amigos escuteiros estariam a acampar por Belas e eu ia fazer uns trilhos para ir ter com eles e ajudá-los. Andei a estudar uns percursos e fui explorá-los.
Mas...
A pica para o bikepacking veio depois de ter visto ao vivo o Gary e a Patty na última viagem com o Gugas. Foi o materializar de todos os serões passados a ler histórias e vídeos de malta a viajar desta forma.
Como transformei a minha antiga BTT na longtail que tenho atualmente, comecei a procurar uma btt usada. Vendi algum material de mota que tinha e defini um orçamento (baixinho). Após meses de procura, de ter visto pérolas e muito machibombo quis o destino que a comprasse na "the bike shop", a loja onde o Gary e a Patty levaram as suas biclas a reparar antes de partirem para a América do Sul.
As Btts lá de casa
Quando a comprei, reparei que tinha o eixo pedaleiro com folga. Disseram-me que o trocavam. Iam mandar vir o material e que quando chegasse me chamariam. Assim o fizeram e este fds já o poderia trocar. Isto tudo para dizer que este s24o foi ligeiramente over 24 hours por causa disto! Tinha que ir à Terrugem trocar o eixo antes de seguir até Belas.
No sábado de manhã ainda aproveitei para ir levar o Gugas ao treino de Basquete antes de encher uma mala de estafeta com saco-cama, alguma roupa e comida. (Ando atarefado com as bikebags e demais, mas ainda não tinha nada preparado).
Uma bicla e uma mala...
(a garrafa no garfo é para testar o transporte de carga naquele sítio em trilhos)
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É esta a "magia" do Sub-24 hours overnight (viagem com menos de 24h com dormida fora): é que tens tempo para os afazeres familiares, almoças em casa no sábado e no domingo estás de volta para almoçar com a família também!
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Mas como tinha que ir trocar o eixo antes da hora de almoço, esquece o almoçar em casa. Eram prái 10h da matina quando parti em direção à linha de Sintra. A estação mais próxima de minha casa é capaz de ser a Amadora, a 6kms, por isso fui em direção à serra de Carnaxide.
No topo da serra de Carnaxide já se via o Palácio da Pena...
e o céu não estava muito escuro.
A estação da Amadora tem uma pista de downhill
para lá chegar de bicla!
São 25 minutos de viagem por 1,80€...
aos sábados hà comboios de 30 em 30 minutos.
Cara de songo-mongo como quem diz: "o que é que estás à espera?"
Podia ter saído na Portela de Sintra, mas ir à vila de Sintra (nem que seja só perto da estação) é sempre refrescante! Daqui apanhei a N247 em direção à Ericeira. Foram 10kms de estrada (estreita) com vento pela frente, sempre a cruzar-me com muito bttista e estradista. É uma estrada concorrida.
Sintra é um regalo para os olhos
Logo a seguir ao cruzamento para a "carne assada" fica a "The Bike shop". Tive que esperar que acabassem uns trabalhinhos, mas passado pouco tempo já tinha eixo pedaleiro novo e mudanças afinadas.
SIGAPABINGO!!
Eram 12h30m e voltei para trás pela mesma estrada. É algo que não aprecio muito, mas não levei mapas nem GPS e não queria perder muito tempo a procurar caminhos por aqueles lados...fica para outra altura!
Paredes caiadas com riscas azuis...
Virei para Ral, e ali atravessei a N9 para fazer uma granda recta na N250-1 que era o caminho antigo que fazia quando ia para a Ericeira. No fim da recta a paisagem está completamente alterada pois foi construída a A16 e ali é um dos acessos. Feita a rotunda saio em direção à Base Aérea e sigo numa estradinha de alcatrão que desemboca num estradão de macadame. Ok...já estou a sair da "babilónia".
Primeiros charcos a meio do caminho - cool - vou com atenção ao fundo e sempre a pedalar. A poça é maior do que aparentava e - zinga - tenho água até aos tornozelos. ESTÁ FRIA...mas sabe mesmo bem! A ver se seca pelo caminho.
Malandrinhas
Não paro e volto a apanhar alcatrão. Aqui sigo em direção ao Sabugo. Atravesso a linha de comboio do Oeste. Passei aqui tantas vezes quando ia para o trabalho da minha mãe que era perto da Malveira!
O Sabugo é sempre a subir depois da linha do comboio. Mudanças baixas é o que não falta na bina (tenho que lhe arranjar um nome...isto é como os pescadores e os seus barcos) e com a mala de estafeta encostada ao rabo e ao selim quase nem a sinto. (Mas não recomendo pesos às costas).
A linha do Oeste no Sabugo
E não é que em plena subida sou ultrapassado por um senhor numa daquelas "scooters de mobilidade"? Ia na "bisga" e eu picado baixei duas e fui atrás dele. Para meu espanto era um rapaz novo e não um velhote e não é que o "magano" pára no café, uns bons metros à minha frente e sai da scooter na boa para se agarrar a uma mini que um amigo lhe deu! BATOTA!
Logo à frente chego a Vale de Lobos. O lobo é o meu totem de escuteiro desde miúdo: bicho social mas que aprecia longas jornadas de caça solitárias. É um sinal....vou sair de estrada.
Entro na vila, fico a saber que as lobas foram campeãs de hoquéi em patins e vejo um corta fogo do meu lado direito...THAT'S IT! WOLFMOTHER começou a tocar na minha carola e um rush de adrenalina desatou a bombar desde os pés molhados até à ponta dos meus poucos cabelos...
O corta-fogo estava cheio de regos, fruto das chuvas fortes dos meses passados. Foi desafiante, mas falta-me prender os pés aos pedais. Chegado ao topo, estava nos prédios do Belas Clube de campo. Umas valentes rochas impediam o acesso a jipes ou motas. Quem mora aqui deve gramar com muito ruído de motores de combustão puxados!!! Já a pensar em passar a magrela por cima dos calhaus lá encontrei uma alternativa e mesmo no meio de urtigas fiz-me ao caminho (em viagem sempre se pode apanhar umas para fazer uma sopinha!! ;o)
A partir daqui era sempre a descer, e bem.
Comecei a seguir umas setas cor-de-laranja fluorescente que pareciam ser de alguma prova ou passeio TT. Passei com a bicicleta por cima de uma corrente sob o olhar de um segurança com ar de poucos amigos e continuei a descer para um vale sempre a pensar: o que desce tem de subir. Bem dito, bem feito. Cheguei ao ponto mais baixo onde me cruzei com um ribeiro: é o rio Jamor, que aqui perto da sua nascente se denomina ribeira de Belas.
Ora, quando começaram a lotear o Belas clube de campo fizeram um mega-aterro para fazer um acesso em alcatrão pelo lado nascente.
Era este mega-aterro que se deparava à minha frente. Fui espreitar o leito da ribeira e vi que o túnel criado para que esta circulasse por baixo da estrada era-me familiar e perfeitamente ciclável (apesar de ser em metal ondulado!). O túnel de Belas!
Foi um almoço para a alma...tipo um Cozido à Portuguesa, servido com todos!
É disto que o Lobo em mim se alimenta...e só por causa disso a Berg Torah 4.6 disc passa a chamar-se "LOBA"!
Saquei-a em braços para a margem direita da ribeira e segui num trilho. Pensei que estava na margem errada, pois a Fonteireira (local de acampamento) era do outro lado e 10 metros depois estava a cruzar a ribeira e a apanhar um trilho escondido nas árvores, ou seja, sem luz e calor do sol para secar, i.e., com lama até ao tutano! Foram uns 300 metros insanos, sem parar de pedalar, para não ficar preso no barro. Muito bom.
Nota mental: fazer um pára-lamas para a lama da roda da frente não saltar de tal forma que te impede de ver o que quer que seja.
Depois da lama começam trilhos a subir, depois a descer e a aumentar de tamanho. Uma delícia. O tempo estava farrusco, o que é bom para não ser demasiado quente, mas agora começava a chuviscar. Pensei em parar e abrigar-me, mas sabia que estava muito perto do local de acampamento. Segui. Fiz umas quantas montanhas-russas, subir para curtir a descida, sempre a andar, a testar a loba (a garrafa de água presa na suspensão ainda lá estava) até que a vegetação começou a mudar. Pinheiros e eucaliptos deram lugar a fetos, carvalhos e zambujeiros antigos. A floresta autóctone no seu esplendor. Estava na Fonteireira, a seguir a ribeira de Belas de novo.
Não tardou muito a ver as primeiras minas. A água é encaminhada desde a serra da Carregueira (nascente de várias ribeiras) até Lisboa desde o tempo dos Romanos! E no tempo da monarquia, o Jamor era extremamente importante, não fora a ribeira que alimentava o Palácio de Queluz mais a jusante. Aqui na Fonteireira estão várias minas e troços do aqueduto que transportava as "águas livres" abundantes nesta zona até Olissipo.
Não demorou muito a encontrar escuteiros. Um CIP do Monte da Lua e mais à frente exploradores no vale escuro e na pedreira. Foi aqui que dei um descanso à loba e juntei-me ao almoço frio dos dirigentes, 2 horas e 22 kms depois de sair da Carne Assada (7 fora de estrada). Não sem antes trocar de meias e pô-las a secar!
Dormi uma sesta e fui ajudar os dirigentes nas tarefas do acampamento. Jantámos umas espetadas grelhadas na fogueira e tivémos a contar mentiras até às 2 da manhã no calor das brasas.
Logo à frente chego a Vale de Lobos. O lobo é o meu totem de escuteiro desde miúdo: bicho social mas que aprecia longas jornadas de caça solitárias. É um sinal....vou sair de estrada.
Entro na vila, fico a saber que as lobas foram campeãs de hoquéi em patins e vejo um corta fogo do meu lado direito...THAT'S IT! WOLFMOTHER começou a tocar na minha carola e um rush de adrenalina desatou a bombar desde os pés molhados até à ponta dos meus poucos cabelos...
Going up!
Looking down!
O corta-fogo estava cheio de regos, fruto das chuvas fortes dos meses passados. Foi desafiante, mas falta-me prender os pés aos pedais. Chegado ao topo, estava nos prédios do Belas Clube de campo. Umas valentes rochas impediam o acesso a jipes ou motas. Quem mora aqui deve gramar com muito ruído de motores de combustão puxados!!! Já a pensar em passar a magrela por cima dos calhaus lá encontrei uma alternativa e mesmo no meio de urtigas fiz-me ao caminho (em viagem sempre se pode apanhar umas para fazer uma sopinha!! ;o)
Aqui não passas.
AHA! Nada pára uma magrela
chiiii...solicita-se silêncio.
A partir daqui era sempre a descer, e bem.
GOING DOWN!
Comecei a seguir umas setas cor-de-laranja fluorescente que pareciam ser de alguma prova ou passeio TT. Passei com a bicicleta por cima de uma corrente sob o olhar de um segurança com ar de poucos amigos e continuei a descer para um vale sempre a pensar: o que desce tem de subir. Bem dito, bem feito. Cheguei ao ponto mais baixo onde me cruzei com um ribeiro: é o rio Jamor, que aqui perto da sua nascente se denomina ribeira de Belas.
A ribeira de Belas...que vai desaguar na Cruz-Quebrada!
Ora, quando começaram a lotear o Belas clube de campo fizeram um mega-aterro para fazer um acesso em alcatrão pelo lado nascente.
Aterro lindo...
Era este mega-aterro que se deparava à minha frente. Fui espreitar o leito da ribeira e vi que o túnel criado para que esta circulasse por baixo da estrada era-me familiar e perfeitamente ciclável (apesar de ser em metal ondulado!). O túnel de Belas!
Fear not...here i GO!
Depois das fotos da praxe, segui em frente num "bone shaker" tremendo para finalizar no leito da ribeira que após o túnel é bem mais fundo! Lembram-se dos sapatos? Já estavam secos! ESTAVAM! ehehe
A luz ao fundo do túnel
Teste à suspensão...
A saída do outro lado (olhando para trás)
e para a frente...saí pelo lado direito.
Foi um almoço para a alma...tipo um Cozido à Portuguesa, servido com todos!
É disto que o Lobo em mim se alimenta...e só por causa disso a Berg Torah 4.6 disc passa a chamar-se "LOBA"!
Saquei-a em braços para a margem direita da ribeira e segui num trilho. Pensei que estava na margem errada, pois a Fonteireira (local de acampamento) era do outro lado e 10 metros depois estava a cruzar a ribeira e a apanhar um trilho escondido nas árvores, ou seja, sem luz e calor do sol para secar, i.e., com lama até ao tutano! Foram uns 300 metros insanos, sem parar de pedalar, para não ficar preso no barro. Muito bom.
Nota mental: fazer um pára-lamas para a lama da roda da frente não saltar de tal forma que te impede de ver o que quer que seja.
Depois da lama começam trilhos a subir, depois a descer e a aumentar de tamanho. Uma delícia. O tempo estava farrusco, o que é bom para não ser demasiado quente, mas agora começava a chuviscar. Pensei em parar e abrigar-me, mas sabia que estava muito perto do local de acampamento. Segui. Fiz umas quantas montanhas-russas, subir para curtir a descida, sempre a andar, a testar a loba (a garrafa de água presa na suspensão ainda lá estava) até que a vegetação começou a mudar. Pinheiros e eucaliptos deram lugar a fetos, carvalhos e zambujeiros antigos. A floresta autóctone no seu esplendor. Estava na Fonteireira, a seguir a ribeira de Belas de novo.
trilhos e trilhos
A aumentar de tamanho
Aqui já estava na Fonteireira
Mata de Carvalhos, Zambujeiros...
Muito musgo
A loba, enlameada mas feliz!
Trilhos rápidos
sempre ao longo da ribeira de Belas
Quantos bttistas felizes já deve ter testemunhado?
Os trilhos a estreitarem
Não tardou muito a ver as primeiras minas. A água é encaminhada desde a serra da Carregueira (nascente de várias ribeiras) até Lisboa desde o tempo dos Romanos! E no tempo da monarquia, o Jamor era extremamente importante, não fora a ribeira que alimentava o Palácio de Queluz mais a jusante. Aqui na Fonteireira estão várias minas e troços do aqueduto que transportava as "águas livres" abundantes nesta zona até Olissipo.
"Águas livres"
rebeldes...
e logo à frente o local de acampamento
Na pedreira da Fonteireira
A loba a olhar para a cabra no topo da pedreira
As meias a secar estragaram a foto! :os
Não demorou muito a encontrar escuteiros. Um CIP do Monte da Lua e mais à frente exploradores no vale escuro e na pedreira. Foi aqui que dei um descanso à loba e juntei-me ao almoço frio dos dirigentes, 2 horas e 22 kms depois de sair da Carne Assada (7 fora de estrada). Não sem antes trocar de meias e pô-las a secar!
Dormi uma sesta e fui ajudar os dirigentes nas tarefas do acampamento. Jantámos umas espetadas grelhadas na fogueira e tivémos a contar mentiras até às 2 da manhã no calor das brasas.
O sol a descer no horizonte...
As espetadas nas brasas
E as mentiras só testemunhadas pelo fogo...
Xixi e Cama.
Percurso realizado:
Azul -> estrada (sensivelmente 31kms)
Vermelho -> CP
Verde -> TT (uns 7kms)
Não percam o relato do segundo dia, AQUI.
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