Dia 6 (5 Junho)
Acordámos e seguimos para o centro de Olhão, onde se situa a estação. Mais uma vez podémos verificar que a comunidade ciclística nesta localidade é mais que muita:
Vêem-se muitos jovens a ir para a escola nas calmas, muita população activa a deslocar-se para o trabalho e alguns idosos a circular nas suas pasteleiras nas maiores das calmas. A maioria circula sem capacete, a um ritmo calmo e vi bastantes ciclistas a dar boleias a outros. Uma mini-mini-copenhaga?? eheh.
Já íamos preparados para carregar a bicla no porão de cargas, mas sem a carga toda. Mesmo assim é difícil. Já dentro do comboio íamos ajudando a malta que carregava a bicla. No fim um senhor agradecido ajudou-nos a descarregar a "X" em Vila Real de Sto António. Era Ucraniano e estava curioso com a extensão da bicla, pois desconfiava de que levava ali um motor!
Fomos directos ao barco e ele saía em menos de 1 minuto! Isto é que é interligação modal! (ou sorte). Seguimos no convés do barco juntamente com muitos "cámones" de bicla, quase todas órbitas alugadas em Monte Gordo ou disponibilizadas pelos hóteis locais!
Muito bom...mais uma razão para apostar na bicicleta. Concerteza que a eco-via ajudou a que as pessoas utilizassem a bicicleta nesta deslocação, mas o engraçado é que tanto no turismo como os locais nada ou pouco sabem desta infrastrutura!
No barco estivémos com dois alemães que fizeram o mesmo percurso mas andando sempre um dia adiantados em relação a nós. Eram míudos novos sem experiência em touring, mas que se tinham aventurado. A ideia deles era ligar Lisboa a Tarifa, apanhar o Ferry até Tanger, seguir até Ceuta, voltar a apanhar o Ferry para Algeciras e ir até Marbella onde voltariam para casa de avião. Muito fixe. Tinham era um mapa com uma escala muito pequena e como em Portugal existe pouca info para o turismo em bicicleta, foram sempre pelas serras de Santiago do Cacém, Cercal, Aljezur, etc., etc.. Quando lhes disse que fiz o percurso pela costa ficaram espantados!! O mapa Marco Polo que tinham indicavam apenas as estradas principais, daí terem seguido a Nacional...sempre no sobe e desce. Faziam campismo selvagem e estavam com medo de Marrocos.
Dei-lhes umas dicas, umas palavras em Árabe e uns locais para visitar, o que lhes deu alguma tranquilidade. Isto deu-me mais alento para criar uma base de informação na net sobre touring de bicla. Para além do fórum da ciclo-via.org. Eles fizeram-me lembrar quando novo quando explorei mais de metade do país de bicla, mesmo sem equipamento de jeito e andando às "cabeçadas". Gostaria de ver mais este espírito na nossa juventude que preferem enfiar-se num carro a caminho de férias demasiado formatadas, com pouca aventura.
Despedimo-nos na chegada a Espanha onde ficámos pelo centro de Ayamonte a visitar as lojas e a procurar um local para comer.
Atacámos uma porción de Calamares, umas tapas de "patatas bravas" e de ovas. Uma canha para acompanhar e um gelado artesanal para finalizar.
Fomos comprar uns recuerdos à pressa pois iam fechar para a "siesta".
Estava na hora de voltar. Começava a chover, pelo que nos equipámos e seguimos para o centro de Vila Real. Bem maior e mais bonito, mas menos concorrido...porque será?
Seguimos até Monte Gordo pela eco-via. Ciclovias pintadas nas bermas das estradas que ao chegar às rotundas relegavam a bicicleta à condição de peão, obrigando-as a sair na primeira saída e atravessar via passadeira. Ridículo ou não?. É o problema das ciclovias: segregam-te do trânsito quando menos precisas, que é nas vias sempre em frente e nas zonas de conflito colocam-te longe da vistados carros, ou seja é como se aumentassem o ângulo morto dos condutores, potenciais "atropeladores". Enfim.
Enganaram-me à primeira, mas as restantes rotundas fi-las na via normal.
Em Monte Gordo tive que me abrigar por causa da chuva (o Gugas com o poncho e atrás de mim não apanha uma gota...ainda chegou a dormir a sesta com chuva!) e na saída desta localidade perdi o rasto à eco-via pois fizeram uma repavimentação recente que sobrepôs as riscas azuis. Como não encontrava a via e chovia a potes segui a N125 até encontrar uma indicação de estação para apanhar o comboio até mais perto de Olhão. Cruzei-me com uma família inteira de ciclistas todos equipados para a chuva (there is no bad weather, only bad clothing) que possivelmente não tinham info sobre a eco-via ou alternativas à N125.
(Recebi um email do Martin, o dinamarquês com quem nos cruzámos em S.Miguel - Odeceixe com o link para o seu site, com bastante info: )
Não encontrava nenhuma tabuleta de estação pelo que tive que perguntar. Estava mesmo numa localidadeque merecia a visita do "cavalo de ferro" mas as tabuletas só nas ruas interiores....afinal quem anda na N125 não precisa de saber onde são as estações (HEELLLOOOOO).
Tinhamos que esperar meia-hora pelo dito, por isso fomos lanchar a uma pastelaria perto de uma escola primária onde vimos uma professora a dar aulas de condução na cidade a uma turma prái do 1º ou 2º ano! Estavam todos de bicla no recreio coberto a aprender as regras de trânsito e como sinalizar as mudanças de direcção e tal. Engraçado.
Como o tempo estava mesmo feio não saímos em Tavira como planeado e fomos antes ter com os nossos primos de volta a Olhão pois já era bastante tarde.
2 comentários:
Olá Gonçalo
Concordo: os centros turísticos não estão nada "actualizados" em relação às ciclovias, ecopistas...lol
Não te desesperes com a nossa juventude...continua "selvagem" e aventureira como é próprio e apanágio!
Um abraço e bom regresso a casa. Quando quiseres visita o meu blogue, BioTerra. Já conhecias?
Viva.
Já conhecia...já comentaste aqui nao?
Eu gosto de pensar que sim...este desabafo é mesmo um "generation gap" !!
Abraço
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