terça-feira, 24 de julho de 2007

Ponta a Ponta IIª edição (1)


O primeiro "Ponta-a-Ponta" foi em 2003 e marcou-me.
A ideia de cruzar o país na diagonal, desde o ponto mais a Nordeste até ao extremo Sudoeste era tentador. Na realidade, ligar Rio de onor a Sagres mostrou-se fantástico. Uma verdadeira aventura, uma verdadeira expedição!

Circular em fora de estrada de mota, em autonomia e na companhia de grandes amigos é uma receita condenada ao sucesso...e assim o foi!

O único defeito foi o facto de eu ter, nessa altura, tirado apenas 1 semana de férias e o caminho ter-se realizado em semana e meia! Obrigou-me a abandonar a caravana mais cedo, com muita pena minha!

Este ano houve vontade em refazer o formato e assim se realizou o Ponta a Ponta IIª Edição!

ESTE ANO NÃO IA FICAR DE FORA POR FALTA DE FÉRIAS!!!!!

Com a indispensável, preciosa e formidável ajuda do Quim que reunindo tracks, criando routes e improvisando caminhos lá nos traçou uma linha na diagonal a ligar Caminha a Vila Real de Santo António.

Dia 1:

Dia 2 de Junho. Após o sucesso da primeira edição desta expedição NOMAD, estranhei o facto de pouca gente se "habilitar" a fazê-la na totalidade! Falta de férias para uns, outros projectos para outros, mas a verdade é que para os primeiros dias os inscritos não abundavam! Pena!

Como na anterior edição o Sábado era reservado à viagem até ao ponto de início da viagem, neste caso até à Foz do Minho, em Caminha!

Uma expedição destas, em que passamos vários dias a fazer TT e em autonomia, obriga-nos a uma preparação extra, que diferem do tradicional passeio e até mesmo da minha incursão a África em que tinha carro de apoio!

Com algumas lições apreendidas com a experiência, pois - "As boas decisões vêm da experiência, e a experiência vem das más decisões" - associadas a dicas de amigos e outras pesquisas, lá me preparei.

Desta vez obriguei-me a ter comigo no mínimo 2 litros de água ao chegar a acampamento! O maior erro que fiz na primeira edição e que me custou um princípio de desidratação!

Levei malas laterais rígidas, as Gobi, em oposição dos alforges de bicicleta que espatifei na primeira edição :os , e na mesma um saco impermeável no rack! Os racks laterais, apesar de não serem feitos para TT aguentaram a bronca, dobrando ligeiramente nos suportes mais baixos, algo que vou tentar remediar.

O facto de ter a "carapaça" de TT e casaco melhorou sobremaneira a segurança, pois com o calor insuportável escusava de andar mal-equipado ou a transpirar que nem um animal.

Levei ferramenta repartida pela mota, colocando as mais necessárias mais "à mão". Levei um pequeno compressor do chinês que valeu a pena.

Em matéria de campismo, tenho equipamento cada vez mais liliputiano e de melhor qualidade. Apostei na tenda-maravilha, que ganha cada vez mais pontos quanto maior o cansaço diário. A montagem automática e a auto-portantibilidade (?) vale ouro!

Outro pequeno mas valoroso acrescento de material foi o pequeno banco de campismo do decathlon! Para quem apregoa só aguentar 30 Kilos na etiqueta portou-se às mil maravilhas, aguentou comigo e com outros gordões (nunca ao mesmo tempo ahn... ;o) ) e está aí para contar a história!

Tudo o resto foram pequenos detalhes, que acrescentarei na historia a seu tempo.

Arrumei o material de véspera e na manhã de Sábado ultimei alguns pormenores.

Ainda a recuperar de uma gripalhada, fui aviar-me na farmácia de anti-gripal. A caminho da mesma apercebi-me que não tinha feito algo que me tinha proposto: Arranjar a "carapaça" de modo a que a protecção da "peitaça" não subisse e se alojasse no meu pescoço, perturbando irritantemente a condução!

Fui a correr até a uma retrosaria onde me venderam 4 "crocodilos" de suspensório bastante fortes e meio metro de uma fita resistente. Fui ter com a minha tia que me cozeu uns "mini-suspensórios" que para além de práticos fizeram furor!! ;o)

Adiante. Liguei ao Jorge a perguntar se me queria aturar na viagem até ao Minho. Tudo bem, mas só conseguia estar despachado lá para as 15h. No problemo, almoçaria com a Cristina para a despedida e ia no "stones" até Leiria, e assim o fiz.

Cheguei em cima da hora à bomba de Gasolina combinada. Montei a minha câmara "on-board" que consistia na camara digital do Lidl colocada por cima do reservatório de óleo do travão dianteiro, com um sinobloco feito de resto de matelá de campismo e preso por uma fita de plástico. Maravilha! Fui com a fézada que funcionaria pois o visor tinha deixado de bombar no Lousã-Estrela!

Coincidências das coincidências, chegou à mesma bomba de gasolina o Afonso, que tinha acabado de chegar dos States com uma Oregon Cientific toda XPTO para o Jorge! Ficámos prái uma hora à conversa, enquanto o Jorge prendia as bugigangas dele à Ténéré!

Quando chegou vinha altamente transtornado por me ter deixado ali à espera e prometeu-me que me pagava o jantar!!! (Mal sabia ele! ehehe)

Despedidas feitas e seguimos caminho pela nacional, AE, vias rápidas e nacional uma vez mais.

Chegámos a Caminha e prócuramos o pq de campismo da Orbitur, onde estavam apenas o Quim e a Rosalina. Contaram-nos que o Tiago vinha lá ter de manhã assim como o pessoal do Porto. Eles tinham conseguido boleia de um amigo de um fórum de Moto4 - o Lino - e estavam por ali desde a hora do almoço. O Quim não parava de falar dos trilhos Minhotos, da quantidade de pedra que íamos apanhar, e que numa voltinha nos arredores já tinha recorrido ao guincho para conseguir desatascar o MEGA-ULTRA-PODEROSO-MOTO4 !

Montámos campo e fomos procurar um restaurante, pois o Quim e a Rosalina ainda estavam cheios do almoço!

Os restaurantes apontados pelo Quim estavam fechados e arrisquei perguntar a um local onde se comia bem e barato na região! Eu nem reparei mas o Jorge diz que o local foi escolhido a dedo pois era um pintarolas, do género Tom Jones de Caminha que mais parecia ter parado no tempo pois usava vestimenta dos 70!

Sinceramente foi o primeiro que me apareceu à frente!

Lá nos recomendou o "MICHELL" em "Seixas", a 2 ou 3 km de Caminha, depois de atravessar a ponte!

Lá fomos e rapidamente demos com o MICHELL!

O restaurante estava na frente ribeirinha de Seixas. Zona arranjada toda em granito, bonito. Estava a compor-se. Até lermos o que estava escrito no toldo: " PIZZARIA MICHELL"

Então um gajo pergunta no MINHO por um restaurante bom e barato e mandam-nos para uma pizzaria! Onde é que isto já vai!

Pelo avançado da hora fomos espreitar...e entrámos num local que mais parecia uma tasca e fomos recebidos por um pequenote de cabelo oxigenado que estava por detrás do balcão e só gritava "Buona sera....de onde san?" (um misto de italiano com português...muito estranho)

Dissémos várias vezes que eramos portugueses, nas esperança que o pequenote deixasse de inventar um dialecto. Mas o homem, que descobrimos ser o MICHEL, falava mesmo assim.

Perguntámos se tinha algo mais para além de pizzas......

Michell - "tenho de tudo, pizzas, massas, bifes, tudo!"

Jorge - "E peixe? com o rio mesmo aqui ao lado deve ter peixe nao?"

Michell - "Peixe? Mas está doente?"

Já revirávamos os olhos, mas decidimos entrar na sala de jantar, onde fomos recebidos pela companheira do michell....que merecia uma descrição detalhada mas que agora não me apetece!!

Para não me alongar mais, posso dizer que acabámos por escolher o bife da casa que era o único que não levava um molho com natas! AH e tinha "obo". Pedimos os bifes mal passados e tal.

Em conversa o Jorge dizia estranhar não ouvir muitas asneiras, o que é apanágio da mulher minhota. Devia de ter estado calado pois parece que alguém tinha ligado o botão à mulher!

Lá vieram os bifes, sem "obo", ela reparou na nossa cara de espanto e perguntou se queriamos "obo" ao qual respondemos afirmativamente, recebendo rapidamente uma contra-resposta do género: "NUM HÁ" !

Adiante. O bife afinal estava mal passado demais, e o Jorge pediu para passar um pouco mais, coisa do qual se arrependeu pois recebeu a mesma resposta, tanto da senhora MICHELLA como da cozinheira brasileira -"ó porra, não pediu mal-passado?", depois lá apareceram 2 "obos caseirinhos" e um vinho verde fraquito. Depois começou a haver barulho, que passou a muito barulho e às tantas parecia porrada do lado da tasca onde estava o MICHELL (separada da sala de jantar por uma porta estilo "saloon"). O Jorge ainda se meteu com a MICHELLA e perguntou se aquele "movimento" era normal, e ficámos a saber que era o namorado da cozinheira que estava a fazer uma cena de ciúmes e que o MICHELL o queria correr dali para fora. Mas a D. MICHELLA preocupada com o bem-estar dos clientes ainda foi acalmar os animos gritando a altos pulmões (o q vale é q a porta à la saloon é perfeita em termos acustícos.......NOT) todas as asneiras possíveis e imagináveis, e desabafando que estava muito envergonhada de nos servir nestas condições. Lá despachámos as nossas mousses caseiras de pacote e pagámos um balúrdio, só para podermos sair antes que a G.N.R. nos obrigasse a ficar ali dentro para interrogatório!

Acho que o MICHELL está no guia da MICHELLin! eheheheh

Granda aventura......chiça......vamos para o Orbitur antes que isto piore!

Quando chegámos já lá estava o Paulo que ia seguir connosco no dia seguinte.

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